Variáveis Antropométricas, Câncer e Apnéia do Sono

Introdução:

A obesidade abdominal, detectada através das medidas de circunferência da cintura (CC), do quadril (CQ), e do coeficiente cintura/quadril (CC/CQ), está relacionada ao aumento do risco de morte de diversas doenças, assim como o índice de massa corporal elevado (IMC). Esse risco aumentado de morte tem surgido em indivíduos jovens e em indivíduos com baixo índice de massa corporal, mas que apresentam obesidade abdominal.

O objetivo do artigo é avaliar a natureza, as conseqüências e a relação entre as medidas: CC, CQ, CC/CQ e IMC, a partir da revisão de estudos epidemiológicos prospectivos. A intenção da revisão é verificar se há ou não correlação entre obesidade (principalmente abdominal), caracterizada a partir das medidas, e os casos de morte por câncer e apnéia do sono.

Estudos:

O maior estudo sobre o assunto é o EPIC (Investigação Prospectiva sobre o Câncer), com 359.387 participantes de 9 países da Europa, no qual, durante quase 10 anos de estudo, morreram 14.723 pacientes. O estudo mostrou que o risco relativo de morte era maior entre os indivíduos que possuíam os menores IMCs mas apresentavam valores aumentados de coeficiente e circunferência da cintura. Em todos os casos de morte havia uma forte correlação entre o fato e as circunferências e coeficientes elevados, tanto em homens quanto em mulheres.

Welborn e Dhaliwal (2007) mostraram, em um estudo que durou 11 anos, com 9309 adultos australianos urbanos, de 20 a 69 anos, que o coeficiente cintura/ quadril era superior aos demais indicadores, na capacidade de prever o risco relativo de morte. Simpson et al. (2007) acompanharam 16.969 homens e 24.344 mulheres por 11 anos, com idade entre 27-75 anos e verificaram um risco maior de morte, entre 20 e 30 %, nos pacientes que possuíam IMC, CC e CC/CQ, aumentados.

Simpson et al. (2007) acompanharam 16 969 homens e 24 344 mulheres, entre 27 e 75 anos, participantes do Melbourne Collaborative Cohort Study e verificaram um aumento entre 20 e 30% no risco de morte entre os pacientes que possuíam qualquer índice indicativo de obesidade elevado.

Discussão dos Resultados:

A circunferência da cintura e o coeficiente cintura/quadril medidas semelhante no que diz respeito à capacidade de prever o risco relativo de morte. Ambos se mostraram melhores preditores de morte que o IMC, particularmente em idosos, faixa etária em que a relação entre IMC e mortalidade costuma ser inversa. A circunferência da cintura é, por si só, um bom preditor de risco relativo.

A relação entre obesidade e câncer foi indicada na perspectiva global do World Cancer Resarch Fund sobre Alimentos, Nutrição, Atividade Física e Prevenção do Câncer. Este documento mostra uma forte associação entre obesidade e câncer de esôfago, pâncreas, colo-retal, de mama, de endométrio, de colo do útero, de pulmão e de vesícula biliar.

A prevalência de apnéia do sono em pacientes obesos não mórbidos ultrapassa os 30%. Nos casos de obesidade mórbida, a prevalência sobe, ficando entre 50% e 80%. De 60-90% dos pacientes adultos com apnéia tinham, ao menos, excesso de peso. A partir das análises desses dados é possível verificar forte correlação entre obesidade e apnéia do sono.

Conclusão:

Há poucas evidências de que a circunferência da cintura possa ser mais significativa que o IMC na determinação dos riscos de câncer, devido ao baixo número de estudos de coorte que buscam relacionar tal índice à doença.

A obesidade é, também, um fator de risco para o aparecimento de apnéia do sono. Para esta patologia, a circunferência do pescoço é um bom indicador de risco, bem como o coeficiente cintura/quadril.

De acordo com o trabalho, a circunferência da cintura pode substituir o IMC e o coeficiente cintura/quadril, como fator único na determinação do risco de morte por qualquer causa.

Para fazer download do artigo na íntegra, acesse RGNUTRI

Deixe uma resposta