Terapia Nutricional – Questionamentos no paciente Pulmonar

Nutricionista Thereza Cristina Xavier da Silva Emed

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição clínica que se caracteriza pela presença de obstrução ou limitação crônica do fluxo aéreo, apresentando progressão lenta e irreversível1.

A gasometria arterial, colhida em repouso e em ar ambiente, é o exame recomendado para a determinação e a quantificação das repercussões da DPOC sobre as trocas gasosas. A PaCO2 (pressão parcial de gás carbônico no sangue arterial), o nível de ventilação alveolar, e o equilíbrio ácido-base tem singular importância na diferenciação de doença estável e exacerbada1.

Os estudos do metabolismo energético utilizam a mensuração do intercâmbio gasoso e determinação do coeficiente respiratório (QR). O QR é definido como a relação entre o CO2 produzido e o O2 consumido durante o metabolismo dos nutrientes. Se o organismo está usando apenas glicídios para o metabolismo orgânico, QR = 1,0, e se o substrato energético for somente lipídios, o QR pode ser tão baixo quanto 0,7. Em condições de dieta balanceada voluntária (glicídios, lipídios e proteínas), em indivíduos normais, o valor de QR é considerado como 0,8 – 0,83, se houver excesso de oferta de glicídios pode haver lipogênese tornando o QR > 1,0, ou seja, maior produção de CO2. A oferta de uma maior proporção das calorias não protéicas sob a forma de lipídios resultará em menor produção de CO2, o que poderá contribuir favoravelmente na evolução do paciente2.

A avaliação do QR não só tem aplicação no estabelecimento de um plano alimentar adaptado aos gastos do organismo, mas também é uma base para o estudo da dietoterapia na DPOC, onde os resultados a respeito do perfil gasoso do metabolismo de cada nutriente sugerem a necessidade da sua maior ou menor participação no valor calórico diário (VET) do paciente 2.

Considerando os conceitos descritos sobre o quociente respiratório, tem sido proposta a distribuição das calorias não protéicas igualmente entre glicídios e lipídios (30 a 50% de lipídios), visando uma menor produção de CO23.

No entanto, alguns questionamentos têm sido feitos a esse respeito. Quando pacientes ventilados de forma mecânica receberam dietas isocalóricas com proporções de carboidratos variáveis (40 a 75% das calorias em carboidratos), não houve diferença estatística na produção de CO2, com incrementos progressivos nas calorias totais oferecidas aos pacientes, com a proporção de carboidratos mantida fixa. Estes achados sugerem que as calorias totais parecem ser mais importantes que a distribuição calórica entre glicídios e lipídios 4.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. I CONSENSO BRASILEIRO DE DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA (DPOC). Jornal de Pneumologia. V. 26, supl 01, abril, 2000.

2. CUNHA, S., SILVA, H.; ARAÚJO, L. S. Suporte Nutricional na Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Pulmão RJ, v. 7, n. 3, p. 217 – 228, Jul/Ago/Set. 1998.

3. AUGUSTO A. L. P.; ALVES, D.C.; MANNARINO, I.; et alli. Terapia Nutricional. Ed. Atheneu, 1995.

4. TALPEUS SS, ROMBERGER DJ, BUNCE SB, et al. Nutritionally associated increased carbon dioxide production. Chest 1992;102:551

Deixe uma resposta