Diabetes – Uma Preocupação Cada Vez Mais Precoce

O diabetes melito inclui um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia com distúrbios do metabolismo dos carboidratos, lipídeos e proteínas, devido a incapacidade na secreção de insulina e/ou em sua ação (THE EXPERT COMMITTE ON THE DIAGNOSIS AND CLASSIFICATION OF DIABETES MELLITUS, 1997). Existem dois tipos de diabetes melito, tipo 1 e tipo 2.

No diabetes tipo 1 ocorre a destruição das células beta do pâncreas (responsáveis pela produção de insulina), normalmente por processo auto-imune ou menos freqüente a de causa idiopática. A maior incidência do diabetes tipo 1 ocorre entre os 10 e 14 anos, havendo uma diminuição da incidência até os 35 anos, sendo que casos após esta idade são pouco freqüentes (IMAGAWA et al., 2000).

Já o diabetes melito tipo 2 é definido pela resistência à ação da insulina e à incapacidade da célula beta pancreática em manter uma adequada secreção de insulina (ZIMMET et AL., 1992). Sendo o excesso de gordura abdominal, obesidade, sedentarismo e o consumo alimentar inadequado os principais fatores para o desenvolvimento dessa doença. É demonstrado pela Sociedade Brasileira de Diabetes uma grande relação com a obesidade e o sedentarismo – 60% a 90% dos portadores da doença são obesos -, e a maior incidência ocorre após os 40 anos de idade. Sendo assim, a adoção de um estilo de vida saudável é a principal prevenção para o desenvolvimento de diabetes melito tipo 2 (WHO, 2003).

O diabetes representa um considerável encargo econômico para o indivíduo e para a sociedade, especialmente quando mal controlada, sendo a maior parte dos custos diretos de seu tratamento relacionado às suas complicações, que comprometem a produtividade, a qualidade de vida e a sobrevida dos indivíduos, e que, muitas vezes, podem ser reduzidas, retardadas ou evitadas. A progressiva ascensão das doenças crônicas no Brasil impõe a necessidade de uma revisão das práticas dos serviços de saúde pública, com a implantação de ações de saúde que incluam estratégias de redução de risco e controle dessas doenças (MCLELLAN et AL., 2007).

A adoção de um estilo de vida saudável, aliando a atividade física e uma alimentação equilibrada é fundamental no controle do diabetes (PÉRES et al., 2006; AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2008).

A alimentação deve ser controlada e especialmente, escolhida com critérios, para a manutenção e controle da glicemia. Em linhas gerais, o consumo moderado de alimentos com alto índice glicêmico e combinações alimentares que retardam a absorção dos carboidratos, devem ser condutas rotineiras.

Conduta nutricional no controle da glicemia:
1. Evitar os alimentos de alto índice glicêmico (tabela abaixo);
2. Preferencialmente utilizar grãos integrais como fontes e carboidratos.
3. Alimentos fontes de carboidratos devem ser consumidos junto com outras fontes alimentares, que exijam maior tempo de digestão, como por exemplo fontes de proteínas e / ou fontes de fibras;
4. Sempre, nas refeições principais acrescentar saladas cruas, principalmente folhas e seus talos, pois além do diabetes seu processo digestório auxilia na diminuição do colesterol;
5. Fracionar bem as refeições, ou seja, realizar de 5 a 6 refeições ao dia em pequenas quantidades e preferencialmente adequadas as suas necessidades nutricionais;
6. Praticar exercícios, como caminhadas e corridas leves, diariamente. Se já houver níveis glicêmicos altos, uma avaliação médica periódica e acompanhamento de Educador Físico se fazem necessários;
7. Diminuir e evitar o consumo de álcool;
8. Evitar alimentos gordurosos e preferir gordura insaturada;
9. Aumentar o consumo de fibras. Se for necessário, acrescentar às refeições farelos e outras fontes e fibras dietéticas;
10. Manter hidratação adequada.

O índice glicêmico indica a velocidade que o carboidrato é absorvido em relação a glicose ou o pão branco.

Na tabela abaixo, apresenta-se os grupos de índice glicêmico baixo médio ou alto de alguns alimentos:

TABELA DE ÍNDICE GLICÊMICO

ALTO (>85)

MÉDIO I.G.(60-85)

BAIXO I.G.(<60)

GLICOSE

ALL- BRAN CEREAL

FRUTOSE (AÇÚCAR DAS FRUTAS)

SACAROSE – açúcar simples

BANANA

MAÇÃ

MEL

UVA

CEREJA

PÃES BRANCOS

AVEIA

FEIJÃO

DOCES

SUCO DE LARANJA

ERVILHA

CORN FLAKES

MASSA

LENTILHA

UVA-PASSA

ARROZ

FIGO

REFRIGERANTES

PÃES C/ FIBRAS

PÊSSEGO

BEBIDAS ESPORTIVAS

MILHO

AMEIXA

BATATA

BATATA FRITA

LEITE

MANDIOCA

IOGURTE

SOPA DE TOMATE

SORVETE

Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2002

A carga glicêmica (CG) é diferente do índice glicêmico (IG), pois indica uma relação entre a qualidade e a quantidade do carboidrato consumido, sendo um indicador da demanda de insulina induzida pela dieta. A fórmula para calcular é a seguinte:

CG = quantidade do carboidrato consumido x IG do alimento/100

Se a CG der menos do que 10, o alimento é de baixa carga glicêmica. Caso fique entre 11 e 19, o alimento é de média carga glicêmica e se for maior do que 19, o alimento é de alta carga glicêmica.

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Referências Bibliográficas:
AMERICAN DIABETES ASSOCIATION. Nutrition Recommendations and Interventions for Diabetes. Diabetes Care, v.31, n1, 2008.
PÉRES, D.S., FRANCO, L.J., SANTOS, M.A. Comportamento alimentar em mulheres portadoras de diabetes tipo 2. Rev Saúde Pública, V40, n2, p310-7, 2006.
IMAGAWA, A., HANAFUSA, T., MIYAGAWA, J.I., MATSUZAWA, Y. A novel subtype of type 1 diabetes mellitus characterized by a rapid onset and an absence of diabetes-related antibodies. N Engl J Med 2000, p:301-7, 2000.
WHO/FAO Expert Consultation. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases. Geneva: World Health Organization/Food and Agriculture Organization; 2003
MCLELLAN et al. Diabetes mellitus do tipo 2, síndrome metabólica e modificação no estilo de vida. Revista de Nutrição, v.20, n.5, 2007.
Sociedade Brasileira de Diabetes. Consenso Brasileiro sobre Diabetes, 2002.
The Expert Committee on the diagnosis and classification of diabetes mellitus. Report of the Expert Committee on the diagnosis and classification of diabetes mellitus. Diabetes Care 1997;20:1183-97.
ZIMMET, P., COLLINS, V., DOWSE, G., KNIGHT, L. Hyperinsulinaemia in youth is a predictor of type 2 (non-insulin-dependent) diabetes mellitus. Diabetologia, v35,p534-41, 1992.
Fonte: RGNutri

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