Pesquisa sobre transgênicos pode ser ‘um alerta para o Brasil’


A pesquisa divulgada nesta quinta-feira sobre os efeitos das plantações de transgênicos na Grã-Bretanha foi vista como um apoio importante aos integrantes da campanha contra os geneticamente modificados em todo o mundo.

Além disso, os resultados obtidos em solo britânico podem servir de alerta para países como o Brasil, que recentemente liberou a plantação de transgênicos no Rio Grande do Sul.

“O Brasil precisa ser muito cuidadoso na hora de decidir sobre qualquer liberação relacionada ao plantio de transgênicos depois desta pesquisa”, diz Pete Riley, da organização não-governamental Amigos da Terra.

“O Brasil ainda pode mudar de posição em relação aos transgênicos já que a liberação do governo tem um prazo determinado (até dezembro de 2004)”, comentou Charles Kronick, da campanha anti-trangênicos do Greenpeace na Grã-Bretanha.

Passo

Riley acha ainda que a pesquisa é um grande passo para mostrar os riscos que uma plantação de trangênicos pode trazer ao meio-ambiente.

“A pesquisa mostrou que as plantações de beterraba e oleaginosas geneticamente modificadas prejudicam a fauna. No caso do milho, a pesquisa foi menos conclusiva, mas mesmo assim não foi positiva”, disse Riley. “O estudo não vai ajudar o governo britânico a permitir o cultivo de transgênicos”.

Tanto Riley como Charles Kronick enfatizaram que os resultados relacionados aos plantios de milho são baseados no uso do pesticida atrozina, que está para ser banido dos países que integram a União Européia.

É que a pesquisa mostrou que a plantação transgênica de milho causa menos danos à fauna do que a convencional.

Comparação

“Eles não disseram que não existiam problemas com a plantação de milho transgênico. Nós sabemos que a agricultura convencional de milho utiliza a potente atrozina”, diz Riley.

“Igualmente importante é lembrar que a plantação convencional de milho é absolutamente terrível para o meio-ambiente. Comparar os trangênicos com qualquer forma de plantação convencional de milho é o mesmo que comparar uma coisa terrível com outra coisa mais terrível ainda”, disse Kronick.

Kronick acredita que a pesquisa pode servir como uma base científica para os países que já são contra ao plantio de transgênicos, mas ainda não tinham como fortalecer suas posições.

Para Riley, o estudo pode funcionar também como um álibi para os países europeus contra os Estados Unidos (que defende o plantio de transgênicos) na Organização Mundial do Comércio (OMC).

“Vai ser muito difícil para os governos justificarem a liberação do cultivo de transgênicos após essa pesquisa.”

A pesquisa realizada na Grã-Bretanha durou três anos e não analisou o impacto direto dos transgênicos em seres humanos. O estudo custou cerca de 6 milhões de libras (R$ 28 milhões) e foi realizado em 60 regiões da Grã-Bretanha.

O estudo, considerado o maior já realizado até hoje no mundo, será usado pelo governo britânico, em conjunto com outros estudos, durante as discussões sobre a liberação ou não dos alimentos geneticamente modificados no país.

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