Estudo relaciona cor da pele com dependência ao cigarro

Cientistas americanos divulgaram nesta semana que a cor da pele pode ter associação com maior suscetibilidade à nicotina, principal ingrediente do cigarro, e ao aparecimento de câncer em decorrência do vício.

Estudos científicos que envolvem a cor da pele são normalmente polêmicos, mas, segundo pesquisa divulgada pela Penn State, a Universidade do Estado da Pensilvânia, a maior concentração de melanina é a resposta para a diferença nas reações ao fumo entre pessoas brancas e negras.

“Descobrimos que a concentração de melanina está diretamente relacionada ao número de cigarros consumidos por dia e aos níveis de dependência à nicotina, que são maiores entre os afro-americanos”, declarou Gary King, professor de saúde comportamental da Penn State. “Uma das questões que buscamos responder é por que afro-americanos têm mais dificuldade em largar o cigarro do que brancos.”

Isso porque nicotina e melanina teriam afinidades bioquímicas, o que facilita o acúmulo do ingrediente do cigarro nos tecidos dos fumantes com maior pigmentação da pele.

O estudo, financiado pelo Centro de Pesquisas Africanas da Universidade, e que será publicado na edição de junho do Pharmacology, Biochemistry and Behavior Journal, conclui que isso poderia influenciar o comportamento de alguns fumantes, dependência mais severa e problemas de saúde.

Para realização da pesquisa, 150 afro-americanos foram recrutados em 2007 e forneceram informações sobre média de cigarros consumidos por dia, responderam a questionário para identificar grau de dependência à nicotina e tiveram analisados seus níveis de cotinina – substância encontrada na saliva, por meio da qual se pode medir a quantidade de nicotina absorvida pelo fumante.

A análise estatística dos três elementos estudados revelou que o total de melanina adquirida geneticamente, somada à acumulada devido à reação da pele ao tomar sol, tem relação direta com a quantidade de cigarros consumidos por dia.

Estudos anteriores já haviam demonstrado que a absorção de nicotina em cada cigarro fumado é maior entre os afro-americanos, mesmo que eles consumam menos cigarros do que outros grupos.

A Universidade declarou que pretende continuar a pesquisa para aprofundar as descobertas. “Achamos que estudos realizados em diferentes épocas do ano e diferentes locais podem evitar interferências nos resultados devido a efeitos do bronzeamento, por exemplo, além de consumo de álcool, exercícios físicos, índice de gordura corporal e estresse, que influenciam os níveis de nicotina no corpo”, diz King.

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