Estudos revelam um estreito elo entre a obesidade infantil e a asma. Portanto, prestar atenção no peso do seu fi lho é também uma maneira de evitar que ele passe pelo maior sufoco
Um desses estudos, envolvendo crianças de 5 a 10 anos de idade, acaba de ser concluído aqui no Brasil, mais precisamente na Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, que fica no interior paulista. Para a nutricionista Daniella Fernandes Camilo, a autora da investigação, não foi coincidência o fato de 21% dos gordinhos participantes se queixarem da ausência de fôlego. Ambos os problemas podem ser desencadeados pelo estilo de vida desequilibrado e pelos hábitos alimentares, constata. O pediatra Dirceu Solé, professor da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp, e coordenador do Grupo Nacional do Estudo Internacional de Asma e Alergia na Criança (Isaac), também relaciona a obesidade a dificuldades respiratórias, mas faz questão de afastar um equívoco: O gordinho tende a se cansar mais facilmente, o que não significa que seja asmático, ressalta.
A asma é classificada pelos especialistas como uma doença crônica inflamatória. Ela acomete uma das estruturas pulmonares, os brônquios, que, inflamados, acabam mais contraídos. E aí vem aquele aperto: o ar mal e mal consegue entrar. Tampouco sai com facilidade daí o sibilo, que anuncia o extremo esforço para expulsar o ar cheio de gás carbônico vindo dos pulmões.
Parece existir ainda outro ponto de interseção entre asma e obesidade: a genética. O pediatra Antonio Carlos Pastorino conta que alguns trabalhos mostram que ambas as doenças têm genes em comum. Assim, se estão gravadas no DNA e a criança já acumula gordura, o certo seria manter distância pra valer de fatores que propiciam as crises asmáticas. Ácaros, mudanças bruscas de temperatura, infecções e até mesmo o estresse podem ser o gatilho, enumera o pediatra Cid Pinheiro, responsável pelo serviço de pediatria do Hospital São Luiz, na capital paulista, e professor da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
Diante das fortes evidências da ligação entre os quilos extras e a doença dos pulmões, passar um pano úmido em todos os móveis e manter os cômodos livres de pó e de mofo passa a ser uma atitude preventiva prioritária na casa onde mora uma criança gorducha. E, claro, ajudá-la a perder peso faz parte das recomendações. Para isso, não há mágica. A receita é bem antiga, por sinal: A garotada deve comer direito desde muito cedo, ensina Daniella. Oferecer uma variedade de frutas e hortaliças logo nos primeiros anos de vida é uma medida bastante eficaz.
NÃO É PARA FICAR PARADO A prática de atividade física também precisa ser estimulada. Nada de permitir que a criança fique horas e horas vendo TV ou na frente do computador. Essa dupla, segundo os especialistas, é a grande vilã da epidemia de obesinhos cujo número de casos não pára de inflar. Os exercícios são mais do que bem-vindos, inclusive para aquela criança que já teve crise asmática. Aliás, lá se vai o tempo em que apenas a natação era recomendada para os asmáticos. Quando a doença está sob controle, não há restrições, mas é o pediatra quem pode indicar a melhor modalidade, afirma Pastorino. Seja qual for ela, a queima de calorias – acredite vai funcionar como um excelente remédio para recuperar o fôlego.
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